segunda-feira, 5 de abril de 2010

O sono de uma guerreira.


Maltratada pelo homem que mais amava... Nunca imaginaria que viveria isso outra vez. Havia se defendido duramente dos homens depois da primeira decepção. Havia sido forte demais. Ela jurou que não confiaria outra vez. Amou outros homens, mas eles não passavam de uma companhia. Se distraia e se ocupava em salvar crianças e loucos e vencer mais de mil batalhas. Ainda assim se enganava, dizendo pra ela mesma que nenhum outro homem a teria como teve aquele que foi seu primeiro amor. Sem que ela percebesse, havia se entregado nas mãos de um deles. Um outro homem havia se tornado dono do seu coração. Mas esse tinha o amor dela de uma forma diferente. Ela o conhecia desde o dia em que ele nasceu. Ele havia de amá-la até o fim dos seus dias. Era um amor seguro. Era amor de mãe. Mas nessa noite ela descobriu que todo amor machuca. Ele a ofendia. Conhecedor de seus pontos fracos, ele a feria como ninguém mais no mundo conseguiria fazê-lo. Depois de deixá-la sangrando, saiu. Ela chorava, se sentia mal por amar tanto ao ponto de ser ferida daquele jeito. Era o lamento de uma guerreira cansada. A mim, só restava escutar. Eu sabia que tudo o que eu poderia falar ela sabia, apenas precisava daquele momento de revolta, de um desabafo. Decidi dormir com ela aquela noite. Passar a calma que até então só havia recebido dela. A calma de se sentir protegida. De fato não sei se ela já se sentiu assim algum dia, se permitindo ser cuidada. Ao dormir, falei pra ela segurar minha mão. Ela segurou com força e dormiu assim enquanto eu acariciava seus cabelos. O sono chegou forte, mas em nenhum momento ela afrouxou as nossas mãos. É como se ela corresse o risco de cair, se me soltasse. Eu fiquei acordada, zelando pelo seu sono tão raro. Sentia minha mão ficar dormente, pela posição e pela força com que ela me segurava. Mas não podia soltá-la, não podia deixá-la cair. Era através das nossas mãos que eu dizia: Calma, mãe...amanhã será um novo dia.

2 comentários:

  1. Lindo, lindo, lindo borboleta. Definifitivamente, ainda não descobrir no mundo um amor maior que esse: o amor de mãe. Nada nem ninguém no mundo consegue dissolver os vinculos criados entre filha e mãe. É um amor que machuca, mas é o amor que alivia. É um amor que prende, mas é o AMOR que te impele a voar. É um amor forte, amor base, amor que edifica, mesmo que em muitos momentos isso nos traga lágrimas. Amor de mãe às vezes parece meio desecontrado, distorcido, mas é o amor mais sulbime que se pode ter. Ao final da caminhada, já ouvi depoimento de muitas filhas dizendo: a última coisa que minha mãe me disse foi que ela tiha feito tudo que podia, e pedindo perdão, tinha amado os filhos com toda a força de que era capaz.

    Quero poder dizer a minha mãe um dia, o tal OBRIGADA, por ter feito tudo que podia. porque o tudo foi que havia de melhor em mim.

    bjs, minha amiga borboleta... consegiste me tocar no meu calcanhar de aquiles: família. E emocionei-me.

    bjs,

    Labiata

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  2. Acabo de me estressar com minha mãe... mesmo "destoante! nesse momento, ela n merece meu estresse. Mãe é indescritível, e que venha o dia delas!

    bjoos

    Transcendência

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